sexta-feira, 10 de julho de 2015

Doença de Chagas: Após morte, consumidores de açaí estão temerosos

Após morte, consumidores de açaí estão temerosos (Foto: Everaldo Nascimento/Arquivo)Responsável por duas mortes em 2014 no Pará, a Doença de Chagas pode ter feito mais uma vítima no Estado. Diagnosticado com a enfermidade há cerca de dois meses, o médico obstetra Manoel Cardoso, 63 anos, morreu, na última quarta-feira (8), em um hospital particular de Belém. A suspeita é de que ele tenha consumido açaí contaminado com o parasita causador da doença.
Segundo informações repassadas pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em 2015 já foram registrados 39 casos da enfermidade, a maioria provocada pela transmissão oral através do consumo de alimentos contaminados. Ainda segundo a Sespa, seis municípios do Estado tiveram registros da doença neste ano. O maior número de casos ficou concentrado em Ananindeua e na capital, Belém. Em 2014, foram confirmados 137 casos da Doença de Chagas aguda em vinte municípios paraenses.

Moradora do bairro da Cidade Velha - onde o médico costumava comprar açaí-, a cozinheira Marcele Sanches afirmou que ficou apreensiva ao saber do caso. Ela disse que, mesmo antes da notícia da morte do médico, sua família já comprava o produto apenas de lugares que sabidamente cumprem as regras da Vigilância Sanitária. “O meu avô toma meio litro de açaí todos os dias, mas ele não tem essa noção de verificar de onde está comprando”, contou, referindo-se ao avô, Francisco Barra, 78. “Mas a minha avó tem essa preocupação e sempre tem o cuidado de comprar em locais seguros. Com esse caso da morte do médico, nossa preocupação redobrou”.
Habituada a consumir o produto sempre de um mesmo ponto, Marcele destaca que prefere ficar sem tomar açaí nos dias de falta, do que arriscar a comprar em um ponto desconhecido. “Quando não tem no local onde compramos, preferimos não adquirir em outro lugar. O meu avô até fica aborrecido, mas não arriscamos”, afirmou.
CUIDADO
Cliente do mesmo ponto de venda de açaí há 20 anos, a dona de casa Cezarina da Silva, 71, também diz que tem o cuidado em saber a procedência do produto. Diante do ponto equipado para possibilitar todas as fases do processo de branqueamento - como é chamado o procedimento recomendado para a eliminação do parasita causador da doença-, ela confirma a confiança no local escolhido. “Há mais de 20 anos, eu só compro açaí aqui. Nunca tive problemas”, disse. “Eu evito comprar em outro lugar. Sem açaí, não dá pra ficar. Então, compro aqui, porque sei que é bom e saudável”.
Garantindo o cumprimento do procedimento recomendado, o batedor de açaí Vitor Moraes lembra que fez um curso específico para aprender a maneira correta de preparar o fruto para a extração da polpa e, assim, evitar os riscos de contaminação de doenças por meio da ingestão de açaí. “São três fases para poder fazer o branqueamento. Os clientes veem que aqui a gente faz tudo isso certinho”, declarou o proprietário de um ponto localizado também no bairro da Cidade Velha. “Eu fiz um curso sobre tudo isso na Vigilância Sanitária”.
(Diário do Pará)

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